Data: 18/01/2020 14:52:30 - Visualizacoes: 340

CRISE POLÍTICA. Míriam Leitão: 'Roberto Alvim não estava só, nem falava sozinho'

Por DCM de O GLOBO

Roberto Alvim caiu. O ex-secretário de Cultura era até caricato. Não apenas plagiou Joseph Goebbels, o ideólogo de Hitler, ele imitava seus trejeitos, seu penteado e o reverenciava em objetos na sala. Alvim estava à vontade na transmissão da noite da quinta-feira, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que o elogiou. Ele não é mais o secretário.

 

Foi derrubado pela imprudência de ter copiado e colado a fala de Goebbels. O projeto que ele estava colocando em prática permanece e não era só dele. A ideia de que a cultura possa ser limitada, censurada, dirigida e usada para alavancar uma delirante e perigosa visão de mundo, de país e de poder continua nos editais, decisões e nas ideias de muitos integrantes do atual governo.(…)

 

A arte, como disse a imensa Fernanda Montenegro, resistirá nas catacumbas. Ela é múltipla, ela é diversa, ela explode, frutifica e surpreende. Mas o que Alvim estava dizendo, quando foi interrompido, é que existe um plano para despejar milhões em obras encomendadas. O que Bolsonaro disse na transmissão foi em reescrever a história do Brasil, como todos os projetos totalitários fizeram. “Vamos contar a história verdadeira do Brasil de 1500 até agora”, disse Bolsonaro, ao lado de Alvim.

 

O ex-secretário repetiu: “Vai ser a maior política cultural do seu governo e ouso dizer uma das maiores políticas de incentivo à cultura da história do Brasil. É um edital que vai patrocinar em várias categorias obras inéditas. Vamos escolher e lançar.” A cultura sob encomenda, a arte fabricada para um projeto de poder, a história reescrita e num governo que exalta torturadores. O secretário se foi, mas todo o projeto ficou. A questão central é simples: Roberto Alvim não estava só, nem falava sozinho.


Fonte: DCM Foto: Reprodução

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